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Priscila Barbosa

instagram.com/priii_barbosa

Todas as imagens neste site foram utilizadas com permissão da artista. Caso queira reproduzir alguma delas, entre em contato com ela.

Pra você, o que é representatividade?

Representatividade pra mim é a abertura de espaços pra expressão de grupos ou causas marginalizados ou tidos como inferiores e consequentemente silenciados.

Você acredita que os artistas têm tido uma maior preocupação em fazer trabalhos onde exista representatividade?

Acho que talvez o aumento da produção artística que leva em consideração uma representatividade mais heterogênea tenha vindo de uma demanda exigida pelo próprio público, que passou a não aceitar mais uma arte engessada e que reafirma padrões. Nos dias de hoje, tem sido cada vez mais necessário que nós artistas tomemos partido e utilizemos a arte como ferramenta política, que é de fato uma das suas maiores potências enquanto comunicação.

Quais são os desafios de trabalhar com representatividade? Existe algum cuidado especial?

O mais importante no meu processo é ouvir o que o público têm a dizer e tentar retratar diferentes pessoas com o máximo de respeito. É fundamental me propor a ilustrar tentando me desfazer dos meus próprios pré-conceitos e padrões com os quais fui crescendo, sem tomar o lugar de fala de ninguém. Pelo contrário, tentando criar espaços e levantar outras mulheres pra que elas possam expressar o que só elas sentem, e que talvez eu nunca consiga acessar.

Sobre o seu trabalho, o que te estimulou a fazê-lo? Você sente que ele tem impacto social?

Minhas ilustrações retratam em sua maioria o universo feminino através de retratos ou metáforas. Tento trazer assuntos que têm minha atenção, como a liberdade feminina e o conhecimento e aceitação do próprio corpo, enquanto potencial poético. São inquietações muito íntimas e pessoais que levo à público numa tentativa de encontrar respostas ou apenas poder ver que outras tantas mulheres estão na mesma busca. A botânica permeia todo esse universo, trazendo naturalidade e delicadeza aliados à força, uma característica marcante nas mulheres mas muitas vezes subjugada ou vinculada à estereótipos antiquados e sexistas.​ Muitas vezes uma metáfora tem mais impacto provocativo que uma imagem explicita e pode suscitar reflexões e discussões bastante relevantes no cenário atual da discussão de gênero. Nesse cenário, aposto em uma linguagem cheia de sutilezas e nostalgia pra alcançar sentimentos e sensações que façam com que outras pessoas se identifiquem com essas discussões.

Nesse contexto, qual conselho você daria pra um artista?

Prestar atenção nas pessoas ao seu redor e dar voz a elas. Não se colocar no lugar do outro, acho esse discurso bastante falho tendo em vista que cada pessoa tem uma experiência que difere até mesmo das pessoas que lutam pela mesma causa. Além disso, criar se baseando em causas que você de fato sente algo e não como uma jogada de marketing, porque isso fica muito claro e é bastante desrespeitoso.

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