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Natália Schiavon

instagram.com/nataliaschi

Todas as imagens neste site foram utilizadas com permissão da artista. Caso queira reproduzir alguma delas, entre em contato com ela.

Pra você, o que é representatividade?

É a representação e autoexpressão de grupos historicamente oprimidos, é a qualidade de um trabalho que manifesta histórias e perspectivas plurais ao invés de se apoiar apenas em um grupo predominante, específico e excludente.

Você acredita que os artistas têm tido uma maior preocupação em fazer trabalhos onde exista representatividade?

Acredito que sim. Penso que hoje em dia, por exemplo, a ideia de uma série, um quadrinho ou um livro só com personagens brancos, cis e heterossexuais possa parecer incompatível com a nossa realidade cultural. E acho que enxergamos essa incompatibilidade em parte por causa do fortalecimento dos movimentos sociais na internet e nas ruas, das constantes discussões sobre questões raciais, de gênero e sexualidade que estão sendo levantadas por esses movimentos. Acho que os artistas atualmente têm essa preocupação porque entendem a importância social que uma obra tem em refletir seu tempo e todas as pessoas que o compõem.

Quais são os desafios de trabalhar com representatividade? Existe algum cuidado especial?

Acho que é importante reconhecer o quê eu, como artista e como pessoa, represento - e também o quê eu não represento. Existem certas temáticas e perspectivas que eu não poderia abordar sozinha, baseada apenas nos meus conhecimentos ou leituras, porque eu não tenho a vivência. Acho que meu maior cuidado é não me apropriar da representatividade dos outros, não criar uma abordagem rasa para um assunto que eu não conheça direito, e entender que existem espaços que eu contribuo mais como ouvinte do que como uma participante ativa.

Sobre o seu trabalho, o que te estimulou a fazê-lo? Você sente que ele tem impacto social?

Desde criança eu sempre gostei de desenhar, sentia que nesse processo de criação eu me entendia mais, e eu que sempre tive certa dificuldade de me expressar verbalmente também encontrava um meio onde podia ser eu mesma e refletir todas as minhas ideias, inseguranças, sonhos. Acho que esse ato de criação e vulnerabilidade por si só tem um impacto social, porque pode estimular outras pessoas a fazerem o mesmo. Mas não sei se meu trabalho tem um impacto social muito grande não, talvez mais depois que comecei a contribuir pra Capitolina, com ilustrações e textos sobre assuntos como feminismo, mulheres na arte, saúde mental, etc. e tive um retorno bem legal de meninas que se identificaram com esses trabalhos!

Nesse contexto, qual conselho você daria pra um artista?

Eu diria para sempre buscar sua própria voz na arte. Para experimentar sem medo e sem julgamentos todas as formas de expressão que você quiser se aventurar. Acredito especialmente que as narrativas de meninas e mulheres merecem ser contadas, pois são vivências historicamente excluídas dos meios artísticos e muitas vezes desvalorizadas por serem consideradas "autobiográficas" demais ou qualquer outra características que só se torna pejorativa quando atrelada a obra de uma mulher (ou de outros grupos marginalizados). Seja fiel à sua história e a quem você representa, e apoie artistas com histórias completamente diferentes da sua também.

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