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Cyla Costa

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Todas as imagens neste site foram utilizadas com permissão da artista. Caso queira reproduzir alguma delas, entre em contato com ela.

Pra você, o que é representatividade?

Pra mim, representatividade é a presença social de todas as camadas da sociedade que, embora frequentemente sejam chamada de "minorias", não são exatamente uma minoria. Todas as pessoas têm o direito de se sentirem representadas e identificadas conforme seu gênero, cor, discurso, orientação sexual, tanto em esferas pequenas como sua escola quanto nas maiores, como na política. Esse é o senso de pertencimento que faz com que a gente sinta que nossa vida é valorizada.

Você acredita que os artistas têm tido uma maior preocupação em fazer trabalhos onde exista representatividade?

Sim, definitivamente. Acho que estamos num momento bem especial pois, desde que existe a comunicação digital e redes sociais, esse é o momento em que estamos vendo tudo isso se manifestar de forma mais abrangente. Os artistas têm um alcance maior, por meio de uma rede que (ainda) não tem muito controle. Geralmente os artistas são uma classe preocupada com questões sociais como a representatividade, então o resultado é mais informação sobre isso online, na forma de suas expressões artísticas.

Quais são os desafios de trabalhar com representatividade? Existe algum cuidado especial?

Olha, não sei se consigo responder isso com tanto conhecimento de causa, pois até agora só participei de projetos que acredito com minha expressão artística, nunca coordenei nenhum projeto grande sobre isso. Mas sim, existem vários cuidados a serem tomados, como minúcias de linguagem escrita e visual que possam tomar um rumo inesperado. Quanto a gente coloca algo no mundo louco da internet, isso está aberto a todo tipo de interpretação. Por isso, quando se trabalha uma questão delicada e polêmica como as de representatividade, todo cuidado é necessário.

Sobre o seu trabalho, o que te estimulou a fazê-lo? Você sente que ele tem impacto social?

Eu sou mais envolvida com questões de feminismo e sinto que o que me estimula a fazer isso é minha própria vivência como mulher em um mundo machista. Penso que o que posso fazer, em primeira instância, é conversar ao vivo com pessoas que estão à minha volta que muitas vezes falham em enxergar coisas simples, replicando preconceitos e perpetuando um modelo patriarcal, às vezes sem sequer perceber. Num âmbito maior, sinto que posso usar minha arte para transmitir ideias de igualdade e chamar a atenção pra questões de gênero, já que tenho algum alcance como artista. Dessa forma, acho que consigo um equilíbrio micro/macro legal.

Nesse contexto, qual conselho você daria pra um artista?

Tenho certeza que sou uma pessoa super privilegiada em vários aspectos então tento olhar pra isso e encorajo os outros a fazerem o mesmo. A gente já sabe que a sociedade do jeito que está é bem bizarra mas também não dá pra ficar chorando em casa. Também não dá pra abraçar toda causa, senão não resta vida e nem leveza. Pra mim, a questão toda é sobre equilíbrio. Acho que a questão mais pungente pra mim é o feminismo, então tento dar atenção a isso e me pronunciar por meio do meu trabalho, mas sempre tentando equilibrar isso com minha vida e meus outros trabalhos. Não sou super idealista e não vivo só por uma causa, mas as ideias e causas também fazem parte da minha vida. Quero cultivá-las aqui pertinho e quem sabe ajudar outras pessoas a desconstruírem esses padrões estranhos e limitadores sob os quais vivemos.

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